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Ator Brasiliense Juliano Cazarré lança o primeiro livro de poesias, Pelas janelas
13/12/2012 correioweb
Nahima Maciel
Recentemente, durante entrevista no programa de Jô Soares, Juliano
Cazarré precisou desfiar explicações sobre sua, digamos, maturidade e felicidade. O ator foi convidado para falar sobre Pelas janelas,
a estreia na poesia. O livro recém-lançado pela editora gaúcha
Dublinense contém 53 poemas escritos entre 2007 e 2008 e duramente
trabalhados e burilados. Não, esclareceu Cazarré durante o programa
global, eles não foram escritos por um adolescente e reunidos em um
volume nostálgico. São fruto de um momento maduro, uma observação do
mundo aperfeiçoada pela condição cênica da vida do autor. E não, eles
não tratam de dores profundas. Cazarré não é um beatnik, não gosta de
beber até tarde, pratica esportes e tem muito cuidado
com a alimentação. “Às vezes, penso que sou muito feliz para ser
artista porque não tenho essa dor do mundo”, repara. “Foi um livro
pensado, não é um apanhado de poemas de adolescente.”
Em Brasília para passar as festas de fim de ano e descansar dos meses de gravação de Avenida Brasil e do longa Serra pelada (dirigido por Heitor Dhalia), Cazarré vai aproveitar para lançar o livro nesta quinta-feira (13/12) à noite na Livraria Cultura (Iguatemi). Será o primeiro passo brasiliense dessa coletânea nascida em São Paulo e ancorada no desejo de enxergar o mundo para além do próprio umbigo. “Depois que defini o tema das janelas, foi muito bom, ele guiou minha busca. Mas também acho que observo bastante o mundo e observar é uma coisa que a gente faz pela janela”, conta. “Escrevi os poemas numa época em que eu morava em São Paulo, uma época em que estava pobre de janelas e isso sensibilizou meu olhar. Lembro que saía na rua e o olho nunca fazia foco em uma coisa longe porque logo tinha uma coisa perto, uma parede, uma obra.”
Leia poema de Juliano Cazarré.
A janela de Borges
Uma janela de frente para outra igual a ela
Como dois espelhos a se refletir infinitamente.
Um homem debruçado em seu parapeito veria.
À sua frente, seu duplo a mirá-lo à janela.
Uma janela com vista ao labirinto
Onde Teseu encontra Astérion dormindo
E com um punhal de prata, punhal argentino,
Extermina o Minotauro sem ser combatido.
Uma janela de cristal de onde se vê o todo do mundo:
O populoso mar, a aurora e a tarde, um tigre, uma teia
De aranha no centro de uma pirâmide, um rei banguela.
Onde antes havia uma árvore, vê-se um círculo de terra.
Dessa janela de cristal é possível ver Londres e Genebra,
De onde Borges observa Borges cego em sua biblioteca.
Em Brasília para passar as festas de fim de ano e descansar dos meses de gravação de Avenida Brasil e do longa Serra pelada (dirigido por Heitor Dhalia), Cazarré vai aproveitar para lançar o livro nesta quinta-feira (13/12) à noite na Livraria Cultura (Iguatemi). Será o primeiro passo brasiliense dessa coletânea nascida em São Paulo e ancorada no desejo de enxergar o mundo para além do próprio umbigo. “Depois que defini o tema das janelas, foi muito bom, ele guiou minha busca. Mas também acho que observo bastante o mundo e observar é uma coisa que a gente faz pela janela”, conta. “Escrevi os poemas numa época em que eu morava em São Paulo, uma época em que estava pobre de janelas e isso sensibilizou meu olhar. Lembro que saía na rua e o olho nunca fazia foco em uma coisa longe porque logo tinha uma coisa perto, uma parede, uma obra.”
Leia poema de Juliano Cazarré.
A janela de Borges
Uma janela de frente para outra igual a ela
Como dois espelhos a se refletir infinitamente.
Um homem debruçado em seu parapeito veria.
À sua frente, seu duplo a mirá-lo à janela.
Uma janela com vista ao labirinto
Onde Teseu encontra Astérion dormindo
E com um punhal de prata, punhal argentino,
Extermina o Minotauro sem ser combatido.
Uma janela de cristal de onde se vê o todo do mundo:
O populoso mar, a aurora e a tarde, um tigre, uma teia
De aranha no centro de uma pirâmide, um rei banguela.
Onde antes havia uma árvore, vê-se um círculo de terra.
Dessa janela de cristal é possível ver Londres e Genebra,
De onde Borges observa Borges cego em sua biblioteca.
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